quinta-feira, julho 23, 2015

À procura,de Atom Egoyan ***

O diretor canadense Atom Egoyan vem em suas últimas obras se dedicando a uma espécie de reconstrução do cinema de gênero, mais especificamente os filmes de suspense. Ele se apropria de clichês narrativos típicos de “thriller” e procura os reconstruir sob uma sutil perspectiva autoral. Na superfície, tais produções se apresentam dentro de uma formatação tradicional. São em discretas nuances estéticas e na abordagem emocional distanciada que tais trabalhos se mostram diferenciados e instigantes. Dentro de tal concepção artística, alguns filmes se mostram bem sucedidos (“Verdade nua”, “Sem evidências”) e outros ficam deixando a desejar (“O preço da traição”). Em relação ao mais recente “À procura” (2014), dá para dizer que as coisas ficaram em um meio termo. O que incomoda de forma primordial é a falta de uma tensão mais efetiva e envolvente, decorrência provável de uma queda excessiva por convencionalismos formais e temáticos. Ainda sim, Egoyan é um cineasta de estilo pessoal e marcante, conseguindo em preciosos momentos deixar o seu registro pessoal evidente, como se pode perceber na bela fotografia, na edição elegante e na caracterização insólita de alguns personagens (principalmente os “vilões”) – o conjunto dessas qualidades gera uma obra de atmosfera sórdida e perturbadora, longe de ser uma obra-prima, mas que ainda assim consegue ser memorável.

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