sexta-feira, novembro 10, 2006


Wolf Creek, de Greg MacLean ***1/2

Assim como os recentes “Rejeitados Pelo Diabo” e “Viagem Maldita”, “Wolf Creek”, produção australiana de 2004, é uma volta a estética dos filmes de horror B dos anos 70 cujos maiores expoentes foram Tobe Hooper e Wes Craven. O diretor Greg MacLean se revela como um aplicado discípulo dessa escola, ao mesmo tempo que acrescenta elementos próprios. Mesmo não tendo o status de obra prima das obras mencionadas de Rob Zombie e Alexandre Aja, “Wolf Creek” é um trabalho de impacto, com vários momentos eletrizantes.

Fortemente inspirado em clássicos do horror como “O Massacre da Serra Elétrica” e “Quadrilha de Sádicos”, o filme de MacLean mostra alguns fatores diferenciais que lhe dão uma cara própria. Para começar, há um muito bem elaborado cuidado estético em termos de fotografia. As paisagens selvagens e áridas dos desertos australianos são aproveitadas de forma criativa, com os enquadramentos dando um tom até mesmo épico em algumas oportunidades. Impressiona também a forma como as cores são captadas: as mesmas são fortes e quentes, acentuando ainda mais o clima de descida aos infernos proposto pela direção de MacLean.

O cineasta mostra ainda domínio da sua narrativa. Ele nos apresenta o trio de “vítimas” na primeira meia-hora de filme, fazendo com que nos identificamos com os mesmos, acompanhando com interesse a sua viagem rumo a tragédia. Tal preparação faz total sentido quando o banho de sangue começa, o que faz com que a trama de “Wolf Creek” fique cada vez mais tensa com o passar do tempo. Ao serem perseguidos pelo psicopata Mick (John Jarrat), acabamos realmente nos importando com o destino da sua “caça”.

Aliás, é se destacar também a forma como Mick se insere na narrativa. Inicialmente, enxerga-se o personagem como um interiorano simpático e carismático. Pouco depois, quando o mesmo revela sua verdadeira natureza, fica-se atordoado com o seu sadismo e a sua fúria homicida. Um vilão efetivamente de peso e assustador, item fundamental para que um filme como esse seja atinja as suas intenções. MacLean dá a impressão ao expectador em algumas seqüências de que os jovens perseguidos e torturados por Mick parecem estar em uma outra dimensão inóspita e em que as regras normais da civilização foram para o espaço. Um mundo em que reina soberana a figura de um caipira enlouquecido.

“Wolf Creek” só não ganha a cotação máxima desse blog devido ao seu final altamente broxante. Fica-se com a impressão de que MacLean não quis levar o seu filme até às últimas conseqüências, ficando preso no formato “baseado em fatos reais”, o que acaba sendo frustrante ante tudo o que havia sido mostrado anteriormente. Mesmo assim, “Wolf Creek” é um ótimo a filme a ser apreciado não só pelos fãs do gênero, mas também por qualquer pessoa que goste de cinema.

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