domingo, janeiro 18, 2009

Uma Comédia Nada Romântica, de Jason Friedberg e Aaron Seltzer *1/2


Talvez a grande virtude de uma comédia esteja na capacidade de arrancar o riso do espectador a partir de um detalhe inesperado, além do fato de que essa surpresa deve brotar de forma quase que espontânea. É justamente essa combinação dos fatores do inesperado e da naturalidade que torna a comédia um dos gêneros mais transgressivos no cinema. Olhando por esse lado, dá para entender um pouco porque um filme como “Uma Comédia Nada Romântica” (2006) é uma obra que já nasce desgastada. Por mais que tenha a pretensão de satirizar outros filmes (no caso, as tais comédias românticas que saem aos borbotões de Hollywood), o seu humor é demasiadamente mecânico e sem vida, pois a obrigação de estar vinculada a fazer uma série de citações a outras obras cinematográficas faz com que a produção esteja atada a uma camisa-de-força que impede maiores vôos de inspiração e criatividade. Ocasionalmente, o filme até consegue ser engraçado, mas o que predomina na sua hora e meia de duração é um marasmo burocrático, o que é uma sentença de morte para qualquer comédia.

Nessa linha de satirizar gêneros cinematográficos, vale muito mais a pena assistir obras como “Todo Mundo Quase Morto” (2004), “Chumbo Grosso” (2007) e “A Vida é Dura” (2007), comédias que demolem com inteligência e ironia os clichês, respectivamente, dos filmes de horror, policiais e cinebiografias musicais, mas que ao mesmo tempo revelam até um conhecimento de causa e reverência a tais gêneros.

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