segunda-feira, novembro 23, 2009

Passagem Para Índia, de David Lean ****


Adjetivos como “grandioso” ou “acadêmico” nunca foram ofensivos para a filmografia de David Lean. Esse cineasta não usava tais atributos para mascarar limitações dramáticas. Pelo contrário – por mais épica que fosse a sua produção, Lean não perdia o controle na rigorosa caracterização dramática de seus personagens. Em “Passagem Para Índia” (1984), sua derradeira obra, o diretor apresenta um impressionante trabalho de reconstituição de época. A Índia colonialista de Lean é exuberante em suas cores, cidades exóticas e cenários misteriosos. Essa exuberância visual encontra o seu complemento perfeito na trama do filme, que envolve uma fascinada “turista” inglesa (Judy Davis) que se deixa envolver pela inebriante cultura indiana, acabando por se envolver em um mal explicado caso de abuso sexual supostamente praticado por um nativo. Esse conflito traz implícito de forma extraordinária uma gama de questões como a brutal colonização inglesa e a intolerância racial inerente aos aparentemente tão civilizados cavalheiros ingleses. Lean conduz essa epopéia sobre o preconceito com elegância e sobriedade no filmar impressionantes.

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