A premissa de que o gênero documentário representa a forma mais próxima de que o cinema pode chegar como encenação da realidade (ou da verdade) das coisas pode ser uma falácia. Afinal, em algumas oportunidades, a manipulação de imagens através da edição, junto a um determinado discurso narrativo, pode forjar uma versão dos fatos que beira o ficcional. Isso tudo veio a minha mente quando assisti “Os Estados Unidos Contra John Lennon”. Não que a situação de instituições norte-americana terem entrado em atrito e perseguido o mais polêmico dos Beatles seja uma mentira. O que incomoda é a própria forma como Lennon é retratado no filme, ganhando uma dimensão quase mítica pelas iniciativas que tomou ao promover questionamentos sociais contra a excessiva militarização do mundo ocidental. Nessa perspectiva, o Lennon que vemos na tela é privado de contradições e de uma densidade mais humana. Mesmo assim, não há como negar o mérito do documentário como propaganda de uma lenda: ao dar uma dimensão épica para Lennon, a obra faz com que o espectador saia simpatizando ainda mais com o cara. Além disso, boa parte das imagens de arquivo resgatadas é fascinante, principalmente por enfocar uma época desconcertante (a década de 70 do século passado) na história da humanidade.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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