terça-feira, março 22, 2011

Jogo de Poder, de Doug Liman ***


Nas primeiras obras de sua filmografia, o cineasta norte-americano Doug Liman se mostrava como um dos talentos mais promissores de sua geração. “Swingers” (1996) e “Vamos Nessa” (1999) evidenciavam um diretor que abusava com talento de referências e truques estéticos diferenciados, além de servirem, em termos temáticos, como uma espécie de raio x comportamental da juventude dos anos 90. Quando passou a trabalhar em grandes produções de Hollywood, Liman conseguiu preservar parte de seu traço autoral em célebres blockbusters de aventura como “Identidade Bourne” (2002) e “Jumper” (2008). “Jogo de Poder” (2010), sua obra mais recente, parece revelar a sua intenção em se vincular a um cinema mais “sério”. A pretensão de Liman é evocar elementos dos mais clássicos thrillers políticos, tanto que o roteiro é baseado em um dos mais escandalosos episódios envolvendo a Guerra do Iraque. O ponto alto do filme está na forma em que a narrativa se alterna entre tensas reuniões de gabinete e a ação nos recantos de algumas das cidades mais perigosas do planeta. Liman consegue manter em vários momentos uma atmosfera ambígua, principalmente na figura de Valerie Plame (Naomi Watts), o que é inerente à sua própria condição de espiã. “Jogo de Poder”, entretanto, não consegue manter esse intrigante clima de dubiedade quando passa a se focalizar em excesso nas questões familiares de seus protagonistas. A narrativa nessas seqüências perde muito de sua dinâmica enxuta e progressivamente adota um tom discursivo. Assim, por mais que suas intenções temáticas sejam louváveis, “Jogo de Poder” acaba resultando na obra menos pessoal de Liman.

Um comentário:

pseudo-autor disse...

O que me chamou a atenção nesse projeto foi a participação do Sean Penn (ator fantástico!) nele. Pena que ele tenha entrado em circuito aqui no RJ em locais distantes.

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