terça-feira, junho 14, 2011

Água Para Elefantes, de Frank Lawrence ***



No panorama cinematográfico atual, em que parecer referencial é considerado o máximo de modernidade, uma produção como “Água Para Elefantes” (2011) acaba sendo emblemática, ainda que de forma involuntária. O filme parece uma grande colcha de retalhos, regurgitando pedaços de várias produções do gênero romântico, tudo isso numa embalagem barulhenta e apoteótica. O barato dessa obra mais recente do diretor Frank Lawrence, entretanto, está na narrativa envolvente que amarra esse amontoado de clichês. O cineasta estabelece tanto na estilizada direção de fotografia como na artificiosa direção de arte uma atmosfera atemporal que mais se vincula a um ideal imaginário do que seria a época da Grande Depressão do que a um compromisso com a realidade (a própria caracterização de Reese Witherspoon no estilo “loura fatal” pode ser encarada como uma extensão de tal proposta estética). E também em meio a juras e desencontros amorosos, Lawrence insere doses de violência e tensão não tão características em produções desse tipo. Talvez a experiência dele como realizador do doentio “Constantine” (2005) tenha trazido uma espécie de herança maldita (e bem vinda) e que envenenou o que era para ser apenas mais um produto da linha “água-com-açúcar”.

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