quarta-feira, dezembro 28, 2011

Livide, de Alexandre Bustillo e Julien Maury ***1/2



O cinema de horror europeu dos anos 60 e 70 era conhecido pela combinação original entre o requinte formal e a violência gráfica, buscando uma estranha síntese entre morbidez e erotismo. Os diretores Alexandre Bustillo e Julien Maury enveredam por tal estética em sua obra mais recente, “Livide” (2011), com resultados por vezes perturbadores. A escolha de cenário é perfeita para configurar o clima de terror gótico que o filme pretende: uma cidade portuária francesa, repleta de névoas e nuvens carregadas, o que oferece uma ambientação que fica entre o fantasmagórico e o melancólico, o que se acentua mais quando entra em cena uma velha mansão de ar sinistro e que insinua mais segredos. Na evolução da narrativa, trespassada por misteriosos flashbacks, a obra adquire uma atmosfera ambígua, não deixando claro se o teor do suspense é psicológico ou se é realmente algo sobrenatural. À medida que o elemento fantástico vai preponderando, entretanto, “Livide” adquire uma abordagem com toque do irreal, em que o caráter onírico e a brutalidade sangrenta tornam a trama progressivamente mais misteriosa. Para aqueles acostumados com os filmes no gênero suspense mais recentes, em que tudo costuma ser esclarecido até os mínimos detalhes, pode ser frustrante aceitar um roteiro com tantas pontas soltas, o quê na realidade torna a produção ainda mais fascinante.

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