sexta-feira, junho 29, 2012

Os Vingadores, de Joss Whedon ***1/2


Tentar reduzir a explicação do sucesso de “Os Vingadores” (2012) ao mero fato da máquina publicitária que o filme tem ao seu dispor seria, no mínimo, impreciso. Afinal, há fortes méritos artísticos que contribuem para o seu bem sucedido resultado final. Para começar, foi um grande acerto a escalação de Joss Whedon como diretor da produção. Whedon tem larga experiência como criador e realizador de boas séries televisivas no gênero aventura escapista, além de ser considerado um roteirista de grande prestígio nos quadrinhos (é o escritor, por exemplo, da sensacional “Astonishing X-Men”). Ou seja, dá para dizer que o cara entende do riscado em termos de super-heróis. Isso fica evidente em “Os Vingadores” quando vemos, por exemplo, a boa caracterização visual e psicológica de alguns dos principais personagens, principalmente na representação icônica de Thor e Capitão América, isso sem contar que o Hulk é muito mais brutal e carismático do que nos filmes solos que teve anteriormente. Whedon também teve uma ótima sacada na trama do filme ao pegar elementos da série “Os Supremos” (os Vingadores de uma realidade alternativa), tendo em vista que a referida revista traz as mais eletrizantes e bem escritas aventuras recentes do grupo de heróis em questão. É de se destacar também a eficiente concepção visual e narrativa, em que as trucagens e a direção das sequências de ação conseguem oferecer um todo dinâmico e que capta com considerável fidelidade boa parte da essência das HQs. No geral, “Os Vingadores” demonstra um bom equilíbrio na tarefa de equacionar uma devida sintonia com a mídia original e a capacidade de cativar um público leigo em termos de “comics”, fazendo com que uma possível continuação não seja uma mera hipótese oportunista (aliás, a cena dos créditos finais contendo a aparição de Thanos evidencia a gama de possibilidades criativas que se pode explorar dentro da franquia).

2 comentários:

Roberto Queiroz disse...

É um filmaço! Qualquer coisa que eu diga contra o filme, serei execrado. Mas gostaria muito que Hollywood saísse desse mundo HQ. A sétima arte pode - e deve - ser mais do que isso.

André Kleinert disse...

Dá para dizer que o cinema e os quadrinhos surgiram quase que ao mesmo tempo, sendo que sempre se influenciaram de forma recíproca. Assim, não é novidade essa disposição em adaptar para o cinema os quadrinhos. Assim, não vejo por quê deixar de usar as HQs como matéria prima para filmes. É tão legítimo quanto usar roteiros originais ou literários.