terça-feira, julho 17, 2012

Pequenos monstros, de David Schmoeller **1/2


O território habitual do diretor David Schmoeller fica encravado numa área entre o suspense e o horror. Assim, pode-se perceber uma clara falta de traquejo quando envereda pelo drama em “Pequenos monstros” (2012), ainda mais com um roteiro inspirado em fatos reais. Em um primeiro momento, a narrativa parece buscar um registro distanciado, evocando até mesmo um tom documental em sua abordagem. Schmoeller foca em uma visão crítica da sociedade contemporânea, principalmente em relação à forma com que a questão da criminalidade é encarada. Os jovens James e Carl, que praticaram um homicídio quando crianças de forma quase fortuita, regressam à vida em comunidade e buscam uma existência normal e meio ao preconceito natural despertado pelo ato que cometeram na infância. O acabamento formal de “Pequenos monstros” apresenta um certo rigor estético na sobriedade da direção de fotografia e na sua edição, mas a narrativa é um tanto truncada, o que se acentua pela forma superficial em que situações e personagens são caracterizados. Schmoeller, a uma determinada altura da trama, parece se enfadar desta inércia e envereda para o suspense propriamente dito, onde até acaba obtendo resultados melhores, ainda que tal opção seja pouco coerente com a proposta inicial do filme. Assim, no contexto geral, “Pequenos monstros” é até uma obra interessante dentro do panorama do cinema independente norte-americano, mas também é frustrante quando se olha o respeitável e expressivo currículo de Schmoeller como cineasta.

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