quarta-feira, outubro 24, 2012

O ditador, de Larry Charles ***1/2


Se em “Borat” (2007) e “Bruno” (2009) a parceria entre o diretor Larry Charles e o ator Sacha Baron Cohen promovia uma ousada mistura entre ficção e documentário, em “O ditador” (2012) eles abandonam essa estrutura narrativa e investem numa trama puramente ficcional. Isso não quer dizer, entretanto, que perderam a criatividade e a ironia ácida características das produções anteriores. A narrativa farsesca oscila entre o grotesco e o escatológico ao expor sem cerimônias os preconceitos e contradições da sociedade ocidental. Por vezes, o filme até brinca com uma certa concepção formal mais tosca, num registro estético que beira o documental, como se sugerisse que estivéssemos vendo uma grande reportagem. A brincadeira com estereótipos grosseiros de racismo e obscurantismo junto a um estilo de narrativa que parece ter um tom aleatório aos poucos revelam uma arguta coerência artística da obra. Os questionamentos levantados pelo filme, observados com uma olhar mais clínico, revelam até uma sutileza a expor dilemas complexos do panorama político mundial. E por mais que busque o riso do espectador, revela amargura e perplexidade com os caminhos atuais da humanidade.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Embora ainda prefira Borat, O Ditador é recomendado para aqueles que procuram uma comédia sem papas na língua.