sexta-feira, setembro 10, 2010

O Profeta, de Jacques Audiard ****


Assim como outras produções francesas recentes, “O Profeta” (2009) envereda pelo gênero do policial dramático de estrutura narrativa clássica. O cineasta Jacques Audiard não propõe se afastar muito das convenções desse tipo de filme, mas recicla os clichês com admiráveis convicção e competência. Em termos temáticos, ele atinge um feito raro: traça a trajetória de anos na prisão de Malik (Tahar Rahim), um jovem marginal de ascendência árabe, mas sem parecer que estamos vendo um grande e apressado resumo. Audiard consegue traçar com precisão a evolução psicológica do personagem, dando-lhe uma densidade dramática bastante verossímil. Ao mesmo tempo, estabelece uma engenhosa trama de disputa de poder dentro da prisão, cheia de reviravoltas e nuances, na melhor tradição de clássicos do gangsterismo cinematográfico como “O Poderoso Chefão” (1972) e “O Pagamento Final” (1993). A opção por uma estrutura narrativa simples e linear é acertada para o que o roteiro propõe. A direção de fotografia traz movimentos de câmeras que privilegiam a clara exposição da ação cinematográfica, assim como a elegante edição opta por poucos e quase imperceptíveis cortes. É de se destacar ainda em “O Profeta” a inserção de surpreendentes toques de cinema fantástico nas seqüências que mostram os devaneios oníricos de Malik com fantasmas do passado e estranhas simbologias.

Um comentário:

pseudo-autor disse...

Alardeado como O Poderoso Chefão francês, Audiard faz uma das produções mais corajosas de seu país nos últimos anos. O roteiro é forte, impactante, como devem ser nesse tipo de gênero cinematográfico. Gostei muito!

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