quinta-feira, outubro 07, 2010

Redenção, de Roberto Pires **1/2


O primeiro longa-metragem rodado na Bahia não desperta atenção apenas por interesse histórico. “Redenção” (1959) apresenta também algumas ideias que posteriormente seriam melhores exploradas pelo cineasta Roberto Pires nos seus filmes posteriores. As limitações oriundas dos precários recursos de produção são visíveis, mas não impedem que aflorem a expressiva concepção criativa do diretor. Pires explora consideravelmente as possibilidades da linguagem cinematográfica: a fotografia busca ângulos inusitados e a montagem alterna com naturalidade os tempos narrativos, ao mesmo tempo arriscando fusões de imagens em sequências de sonhos e delírios. A encenação pode pecar por ingenuidades típicas da época (principalmente na questão das interpretações de seus protagonistas). Traz, entretanto, uma cativante fluência de ritmo narrativo que se cristalizaria de forma mais plena em obras como “Máscara da Traição” (1969) e “Césio 137” (1990). Assim, “Redenção” é mais um capítulo obscuro da História do Cinema Brasileiro que merece ser redescoberto.

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