quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Bravura Indômita, de Joel e Ethan Coen ***1/2


É estranho falar que um ótimo filme também pode ser decepcionante, mas é justamente o que ocorre em “Bravura Indômita” (2010). O problema é que os Irmãos Coen vinham de três obras-primas consecutivas: “Onde os Fracos Não Tem Vez” (2007), “Queime Depois de Ler” (2008) e “Um Homem Sério” (2009). Assim, a expectativa para o próximo trabalho era alta e daí um certo sentimento de frustração com a obra mais recente dos brothers. Mesmo assim, brotam com constância em “Bravura Indômita” pontos positivos que o colocam como uma produção acima da média, a começar por uma deslumbrante direção de fotografia que valoriza ao extremo as paisagens melancólicas e áridas do Velho Oeste, indo do registro limpo e luminoso das tomadas diurnas até algumas sequências de tons sombrios que beiram o mítico. O trabalho do elenco também reluz, principalmente pela caracterização carismática de Jeff Bridges e pela composição dramática obtida por Josh Brolin, uma insólita combinação de jequice e maldade.

Talvez a música original composta por Carter Burwell seja uma síntese da questão que faz com que “Bravura Indômita” não atinja aquele ponto de transcendência artística: bela e nostálgica, mas convencional em demasia, o que se estende para a própria narrativa do filme. E essa atmosfera do convencional é uma das coisas que menos se espera das concepções estéticas particulares dos Coen. Tal impressão se acentua mais na própria comparação que se faz com o “Bravura Indômita” realizado em 1969 por Henry Hathaway – este último soa menos sentimental e mais cru e impactante que a versão mais recente.

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