sexta-feira, abril 22, 2011

A Árvore, de Julie Bertuccelli **1/2



Há algo de árido no estilo de filmar da cineasta Julie Bertuccelli que remete a própria natureza emocional e disfuncional da trama de “A Árvore” (2010). Os planos ora lentos ora fixos da fotografia se revelam em sintonia com o tom reflexivo e triste que permeia todo o filme. Bertuccelli busca uma espécie de síntese entre a realidade e a fantasia, sem que essa última nunca fique exatamente clara. Os estranhos fenômenos que se abatem sobre a família dos protagonistas provem da natureza ou têm origem metafísica? Essa dúvida permanece por toda a obra e é o fator principal da narrativa enigmática de Bertuccelli. É fato também, entretanto, que o olhar contemplativo e a pretensa sutileza da simbologia de “A Árvore”, aos poucos, torna o filme enfadonho e preso a uma fórmula já gasta. Todas as metáforas do roteiro se encaminham para uma redentora conclusão (o furacão que dizima tudo parece também uma forma de acabar com toda a pasmaceira que ronda a produção). No final das contas, a natureza talvez seja o personagem principal de “A Árvore” e o grande mérito da obra está na forma majestosa e misteriosa com que tal “protagonista” é retratada na bela direção de fotografia do filme.

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