sexta-feira, fevereiro 24, 2012

O Artista, de Michel Hazanavicius ***1/2



O grande barato de “O Artista” (2011) é o seu lado estético. Além de homenagem aos fundamentos do cinema mundo (com direito até a entre-títulos), o filme do diretor francês Michel Hazanavicius mostra que as técnicas da época do início do cinema não estariam tão defasadas assim, sendo capazes até de se mostrarem atraentes para o público contemporâneo. Para isso, a obra se vale de uma direção de fotografia bastante requintada – são sensacionais, por exemplo, os contrastes de imagem que se faz das produções fictícias que se desenrolam nos cinemas com aquilo que seria o supostamente real. Outro destaque formal é a forma com que o som se insere na narrativa, muitas vezes como uma espécie de intruso indesejado ou até mesmo como, literalmente, um pesadelo. Essa série de elementos de estilização sugere que é como se “O Artista” visse a Hollywood da época como uma cidade imaginária, pouco diferente daquilo que se via nas telas. Em sua essência, o filme tem como personagem principal, na realidade, o próprio cinema. O roteiro também evidencia isso ao adotar um certo tom de parábola moral mostrando justamente o período em que Hollywood se converteu para o cinema falado (é impossível não lembrar, nesse contexto, do clássico “Cantando na Chuva”). E é na sua trama, em que a mistura de drama e comédia às vezes não se mostra fluida como narrativa, que “O Artista” encontra seu ponto fraco. Mas tal pecado acaba se convertendo em mero detalhe diante da riqueza visual da obra.

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