sexta-feira, janeiro 04, 2013

Joy Division, de Grant Gee ***1/2


A relação da banda Joy Division com o cinema não chega a ser novidade. Os extraordinários “A festa nunca termina” (2002) e “Control” (2007) são recriações dramáticas da breve e conturbada trajetória da fundamental banda pós-punk que marcou a virada dos anos 70 para os 80. O documentário simplesmente intitulado “Joy Division” (2007) mostra que o mito de Ian Curtis e companhia sempre é inesgotável na sua capacidade de despertar interesse e gerar reflexões. É claro que o filme se centra nos aspectos biográficos da banda e de seus integrantes, utilizando bastante o recurso de depoimentos. O valor da obra, entretanto, vai muito além do mero didatismo histórico. Para começar, há uma abundância generosa de raras cenas de arquivo de shows e gravações, compondo um mosaico fascinante que tanto oferece mais informações sobre um grupo tão envolto em mistérios quanto realça esse aspecto mítico. Também é interessante que a produção traça um paralelo sobre a origem, a ascensão e o abrupto término do Joy Division com a evolução da cidade natal da banda, Manchester. Se no surgimento do grupo a cidade se apresentava como influência capital na sua música depressiva e desesperada por representar um ambiente em violenta crise econômica e social, com uma paisagem cinzenta repleta de prédios velhos e sem opções de lazer, a projeção tanto do Joy quanto da sucessora New Order ajudou a Manchester a se tornar uma referência cosmopolita para o cenário cultural ocidental moderno.

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