quarta-feira, abril 17, 2013

Thérèse D., de Claude Miller ***


O grande mérito de “Thérèse D.” (2012) está no seu roteiro. O excelente texto do filme extrai a essência de um original literário, conseguindo valorizar expressivas nuances psicológicas tanto das situações quanto de personagens. A trama possui forte caráter intimista, mas concilia com um teor de simbologia – ao narrar os percalços da protagonista Thérèse (Audrey Tautou), a produção também traça com precisão o perfil conservador e hipócrita de uma sociedade e de uma época (no caso, a França das primeiras décadas do século passado). O diretor Claude Miller tem preocupação em evitar que o filme caia em excessos melodramáticos, conduzindo a narrativa num tom mais sóbrio, o que pode ser percebido em alguns sutis detalhes: trilha sonora discreta, edição de poucos cortes, abordagem emocional um tanto distanciada, interpretações contidas por parte de seu elenco. O rigor desse formalismo da narrativa impede maiores voos criativos em termos estéticos em “Thérèse D”. É inegável, entretanto, que estabelece uma relação de coerência artística com a proposta temática da obra.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

A atriz não teve muita sorte no cinema americano, mas isso não era preciso para ser reconhecida mundialmente.