quinta-feira, setembro 11, 2014

Anjos da lei 2, de Phil Lord e Christopher Miller **1/2


Quando o Federico Fellini estava numa fase de indefinições criativas sobre o seu próximo filme, ele resolveu transformar essa crise criativa em matéria-prima para a produção em questão. Nesse contexto, acabou lançando uma de suas maiores obras-primas, “Oito e meio” (1963). Guardada as devidas proporções, os diretores Phil Lord e Christopher Miller parecem ter sofrido de dilemas e soluções parecidos para “Anjos da lei 2” (2014). Em toda a sua metragem, criadores e personagens dão a impressão de ter a autoconsciência que essa continuação do filme de 2012, que já era a recriação de um seriado televisivo dos anos 80, dificilmente teria algo de diferente para mostrar na comparação com a primeira parte e que tudo soaria como um prato requentado. Dessa forma, a segunda parte acaba mostrando piadas constantes com a repetição de idéias e soluções formais e temáticas, além de um senso de humor mais escrachado (as ironias de insinuações homoeróticas entre a parceria dos protagonistas policiais passam muito longe da sutileza). Lord e Miller não se constrangem nenhum pouco em regurgitar uma grande parte dos clichês de produções policiais genéricas e nem com os furos ostensivos do roteiro – afinal, eles têm a boa desculpa de que tudo nessa continuação é uma picaretagem assumida. Nem sempre essa opção voluntária pelo grotesco funciona a contento, mas em alguns momentos “Anjos da Lei 2” encanta por um clima demente que beira o surreal e pelas atuações desencanadas de Jonah Hill e Channing Tatum. E na maior cara-de-pau, prepara o terreno para mais uma continuação...

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