sexta-feira, setembro 05, 2014

Magia ao luar, de Woody Allen **1/2


É recorrente em críticas e comentários realizados sobre alguns filmes de Woody Allen a percepção de que o diretor estaria se repetindo e instalado numa espécie de zona de conforto artística. Essa aparente preguiça criativa, entretanto, pode ser em ilusória. Allen é um dos poucos cineastas atividades que traz em cada um dos seus filmes uma particular visão de mundo. As tramas escritas por ele representam uma espécie de compêndio de suas neuroses e obsessões temáticas. Assim, nada mais natural que assuntos e situações volta e meia tornem a aparecer em suas produções. Mesmo o seu habitual padrão formal representa uma espécie de depuração de um estilo de filmar. Dentro dessa linha de pensamento, por várias vezes alguns de seus filmes foram criticados na época de lançamento e com o passar do tempo foram reavaliados de forma positiva tanto por receberem um olhar mais cuidadoso por parte de crítica e público quanto pelo fato da maneira como se contextualizaram dentro de sua filmografia. Dito tudo isso, dá para dizer com tranquilidade que “Magia ao luar” (2014) é um dos piores trabalhos de Woody Allen. E não pela geralmente alegada sensação de deja vu, mas simplesmente pelo fato de uma execução por vezes equivocada e insossa. Estão ausentes do roteiro aqueles típicos tons de sutileza do cineasta – todo o subtexto da trama é dito expressamente nos diálogos. Por falar neles, as falas não tem a graça e sagacidade que o espectador tem o costume de ver numa obra de Allen: a excessiva verborragia é cheia de obviedades e até induz ao sono em alguns momentos. E isso se agrava pelas interpretações caricatas e superficiais em demasia de Colin Firth e Emma Stone, a dupla de protagonistas. Esse conjunto de deslizes resulta numa narrativa cansada e que em determinadas sequências faz com que o filme pareça uma comédia romântica qualquer e não uma obra de Woody Allen. O que faz com que “Magia ao luar” não seja um total desperdício artístico é que em algumas tomadas fica visível uma elegância no filmar, principalmente nas cenas iniciais que se passam em Berlin, em que belos planos-seqüência e a estilizada direção de arte oferecem um refinado encanto visual. Mas em se tratando do diretor em questão, isso acaba sendo muito pouco...

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