segunda-feira, abril 30, 2012

Luz... Câmera... Pichação!, de Marcelo Guerra, Bruno Caetano e Gustavo Coelho ***


Um dos aspectos mais fascinantes de um documentário como “Luz... Câmera... Pichação!” (2011) é fazer o espectador rever os seus próprios conceitos pessoais. Afinal, como um cidadão médio respeitável, como a maioria de nós, poderia encarar com alguma simpatia sujeitos cuja diversão (ou obsessão) principal é se dedicar a rabiscar com tinta muros e paredes? Tendo como origem um trabalho universitário de pesquisa, o filme procura estabelecer uma linha histórica para a pichação, mais especificamente na cidade do Rio de Janeiro. Nesse processo, entretanto, o fim maior é entrar na mente dos pichadores, procurando expor suas razões através de depoimentos, que variam do engraçado até o dramático, às vezes até articulados e contestadores de forma surpreendente, mas na maior parte das vezes reveladores. Na síntese entre a perspectiva histórica, as entrevistas e imagens dos “artistas” em ação, a obra traça uma visão macro sobre a própria razão de ser daquilo que pode ser considerado arte ou não (a arte deve ser sempre bela? Ou a arte mais legítima é aquela que expressa a verdade daquele que a pratica?), além de estabelecer uma relação da natureza da pichação com o própria sociedade onde se originou. O resultado final chega a ser perturbador pelo seu grau de questionamento – o que é um tremendo mérito para uma obra do gênero.

Nenhum comentário: