quarta-feira, setembro 11, 2013

As horas vulgares, de Vitor Graize e Rodrigo de Oliveira *1/2


A trilha sonora repleta de temas de jazz, a fotografia em preto e branco e o tom existencialista da trama são elementos que deixam bem claras as influências dos diretores Vitor Graize e Rodrigo de Oliveira em “As horas vulgares” (2011). Passam pelas obsessões estéticas e temáticas de Michelangelo Antonioni na Trilogia da Incomunicabilidade e de Ingmar Bergman na Trilogia do Silêncio, pelas atmosferas rarefeitas dos filmes de Philippe Garrel e pela sutileza melancólica do extraordinário “Trintas anos esta noite” (1963). O resultado final do referido filme brasileiro, entretanto, fica bem longe do alto padrão artístico de suas fontes inspiradoras. A produção até tem uma fotografia caprichada, além do elenco trazer alguns atores de recursos dramáticos expressivos. “As horas vulgares” não funciona é como narrativa mesmo – tudo soa muito truncado, forçado, não havendo naturalidade em sua encenação. Culpa disso também é também de um roteiro equivocado, em que não há espaço para a construção de um subtexto, de uma possibilidade de interpretação por parte do espectador; os personagens dizem tudo o que sentem e também o significado do que sentem, configurando um texto de caráter ingênuo. Num comparativo, o filme me parece o equivalente cinematográfico do disco “4” dos Los Hermanos: a gente até sente que os caras tem talento, mas a pretensão em ser “profundo” e “sério” acaba gerando uma obra aborrecida e carente de personalidade definida.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Otima pedida do nosso cinema.