terça-feira, janeiro 14, 2014

Vovô sem vergonha, de Jeff Tremaine *1/2


Era bastante provável que os filmes da franquia “Jackass” acabassem evoluindo para algo diferente além das tradicionais cenas de dublês envolvidos em práticas físicas perigosas e não muito ortodoxas (ainda que tais produções sejam bastante eficientes como diversão inconsequente). “Jackass 3D” (2010) já indicava essa tendência, ao trazer sequências “dramatizadas” envolvendo Johnny Knoxville interpretando um velhinho safado e sem noção e interagindo com desavisados achando que se tratavam de situações reais os episódios de constrangimento provocados pelo falso idoso. Curiosamente, eram os melhores momentos do filme. Dessa forma, não é surpresa que “Vovô sem vergonha” (2013) traga novamente tal personagem, tendo como mote principal justamente a interação entre encenação ficcional e documentário. Esse tipo de estrutura narrativa não é propriamente uma novidade, vide o hilariante “Borat” (2006). O resultado final de “Vovô sem vergonha”, entretanto, fica bem aquém da comédia protagonizada por Sacha Baron Cohen. Um dos principais problemas da produção é o seu roteiro, muito derivativo e que não abre espaços para muitas ousadias cômicas. A narrativa trôpega concebida pelo diretor Jeff Tremaine apresenta um excesso de tempos mortos e piadas sem graças. O que faz o filme valer um pouco a pena é a seqüência no concurso de beleza infantil, que representa o momento em que o humor brutal típico do “Jackass” se mostra corrosivo ao gozar de forma impiedosa a superficialidade grotesca da sociedade interiorana norte-americana. Mesmo assim, é muito pouco para quem já produziu tantos momentos antológicos de comicidade brutalista.

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