quinta-feira, julho 17, 2014

O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson ***1/2


O formalismo bastante particular do diretor Wes Anderson permanece intacto em “O Grande Hotel Budapeste” (2014). O que há de diferente nessa mais recente produção do cineasta norte-americano é que ele adequa o seu habitual estilo de narrativa dentro do gênero dos filmes de guerra e espionagem. O resultado final é divertido e estimulante. Anderson abusa do refinamento de sua estética – suas composições visuais são detalhistas e de tons pictóricos, remetendo a quadros antigos do final século XIX e do início do século XX, além de uma encenação originalíssima no seu misto de naturalismo e toques teatrais. Tais noções artísticas se expandem numa forma de filmar e editar que trazem um forte traço de cerebralismo e sutileza e que se mostra em perfeita sintonia com o próprio espírito da trama, em que o tom de comédia levemente amalucada de mal entendidos e reviravoltas, típicas de uma história de espionagem, esconde um subtexto sofisticado no seu conteúdo melancólico e lúcido sobre a natureza das relações humanas. Aliás, nesse sentido temático, “O Grande Hotel Budapeste” é um dos trabalhos de Anderson cujo caráter humanista fica mais nítido, principalmente no belo elogio que faz da civilidade – o protagonista M. Gustave (Ralph Fiennes, em sua melhor interpretação em anos), por mais picareta que possa ser ao seduzir inúmeras senhoras ricas, sempre mantém como norma de conduta um comovente respeito pela dignidade humana. A seqüência, por exemplo, em que ele se desculpa com o parceiro Zero (Tony Revolori) por uma ríspida explosão emocional é de uma pungência poética.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Um dos melhores e mais divertidos filmes do ano