sexta-feira, julho 25, 2014

O que os homens falam, de Cesc Gay **


A pretensão do diretor espanhol Cesc Gay em “O que os homens falam” (2012) é até alta ao querer fazer uma radiografia da alma masculina na atualidade. Para isso, o cineasta se vale de uma estrutura narrativa episódica, havendo uma variação entre o drama e comédia em cada uma das histórias contadas. Gay busca um equilíbrio entre a crueza e a uma certa leveza cômica ao retratar os dilemas e contradições dos homens na sociedade moderna. Se a intenção dele é louvável, o resultado final, entretanto, fica bastante a desejar. A encenação concebida por Gay, por diversos momentos, é travada, sem fluidez. Personagens falam em demasia e a narrativa não apresenta desenvoltura. Contribui para isso também as concepções estereotipadas do roteiro do filme – em todos os episódios, os homens são retratados como fracos, imbecis e/ou aproveitadores, sendo que todas as mulheres são bem resolvidas em termos de caráter e maturidade. Tal misandria pode até ser divertida por vezes (como na seqüência da discussão em relação a um livro de psicomagia do cineasta e mago Alejando Jodorowiski), mas os seus excessos acabam tornando a produção cansativa nesses exageros simplórios.

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