segunda-feira, setembro 15, 2014

Se eu ficar, de R.J. Cutler *


Ok, admito que a parte musical de “Se eu ficar” (2014) pareceu muito simpática para mim. Boa parte da trilha sonora é tomada por canções de punk rock e do circuito underground/alternativo norte-americano. Dá vontade realmente de comprar a trilha sonora. Além disso, a música tem um papel importante na narrativa, tanto no desenvolvimento de situações e personagens quanto nas referências e citações de diálogos e mesmo detalhes da direção de arte. Por outro lado, vejamos dois detalhes da trama: Denny (Joshua Leonard), pai da protagonista Mia (Cloë Grace Moretz), era baterista de uma banda punk rock local e largou o grupo para poder cuidar melhor da família. Já Adam (Jamie Blackley), namorado da garota, dá a entender no final do filme que desistirá dos planos de sua banda em ascensão no circuito independente para acompanhar Mia em Nova York, onde ela estudará violoncelo clássico. A simbologia é bem clara: o rock, por melhor que seja, sempre acaba se submetendo aos ditames conservadores das vidas dos personagens. Na realidade, o detalhe música em “Se eu ficar” acaba se configurando apenas como um adereço a dar um certo e pretenso verniz de autenticidade a uma produção rotineira e água com açúcar destinada a levar às lágrimas uma plateia de garotas românticas e pouco exigentes. A patética atuação de Cloë Grace Moretz é que acaba sendo a síntese mais precisa do espírito da obra – artificiosa, formulaica e destituída de qualquer espécie de vigor. Agora se o teu negócio é ver alguma produção que tenha o rock visceral como pano de fundo e que traga estética e temática que estejam em sintonia existencial com tal trilha sonora, veja correndo a obra-prima “Scott Pilgrim contra o mundo” (2010). Tem muito mais sangue nas veias do que esse bundinha “Se eu ficar”.

Um comentário:

Just Another Girl disse...

O trabalho do Joshua Leonard sempre me pareceu muito bom em comédia, espero que sua nova série que sai em janeiro pela HBO é tão bom.