segunda-feira, abril 13, 2015

Cine Majestic, de Frank Darabont ***


Assim como “Um sonho de liberdade” (1994) e “À espera de um milagre” (1999), obras anteriores dirigidas por Frank Darabont, “Cine Majestic” (2001) é marcado por elementos formais e temáticos que fazem com que por vezes a obra chafurde num convencionalismo incômodo: a narrativa previsível, o roteiro repleto de clichês sentimentais, interpretações afundadas na sacarina, a música melosa que sublima as sequências mais edificantes ou “emocionantes”. Ainda sim, dá para sentir no filme algumas inquietações artísticas e mesmo sociais que mostram que Darabont não é um tarefeiro qualquer de Hollywood. A conjunção do subtexto de tom crítico da trama, a atmosfera nostálgica e o belo trabalho de direção de arte resulta em uma obra que transita com desenvoltura e sensibilidade entre a estilização e um certo onirismo. Pode-se até dizer que a visão histórica da produção seja pontuada por uma ótica superficial, mas na verdade a recriação temporal de “Cine Majestic” é muito mais vinculada a uma concepção imaginária de uma época do que a uma reconstituição realista. Tais concepções estéticas depois foram melhores trabalhadas por Darabont naquele que é o seu melhor trabalho, o extraordinário filme de terror “O nevoeiro” (2007). No mais, a caracterização ácida que se faz sobre a perseguição a supostos comunistas infiltrados na Hollywood dos anos 50 acaba ganhando uma inesperada ressonância e atualidade no Brasil contemporâneo, onde setores da sociedade e da mídia demonizam qualquer ideário de tendências de esquerda.

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