sexta-feira, abril 10, 2015

Silver City, de John Sayles ***


Dentro do cinema independente norte-americano, John Sayles nunca foi um dos nomes mais badalados. De certa forma, isso é até compreensível porque não se trata de um cineasta cujos filmes sejam bombásticos ou geniais obras-primas. As produções dirigidas por Sayles sempre foram marcadas por narrativas de tom sóbrio, com ocasionais toques de sutil ironia. Dentro desse estilo discreto e pessoal, talvez a influência mais percebida seriam as narrativas mosaicos que Robert Altman tanto apreciava, em que o enfoque da trama se concentra em vários personagens, e não em um protagonista específico. “Silver City” (2004) é um exemplar característico da abordagem artística de Sayles. Eficiente síntese entre comédia e thriller político, o filme se apropria de uma estrutura  tradicional de “suspense investigativo” para fazer uma ácida alegoria sobre as hipocrisias e jogos de interesse que rondam a política nos Estados Unidos, e do próprio mundo ocidental, nas últimas décadas. Por vezes, esse viés crítico até transpira uma certa ingenuidade em sua indignação, mas também é inegável a sinceridade no seu ataque. De certa forma, faz até lembrar algumas obras de Ken Loach, só que sem a mesma virulência. No mais, Sayles mostra boa mão na construção na atmosfera de tensão, além de contar com um roteiro de afiados diálogos e um elenco que sabe conciliar humor e dramaticidade na medida certa, com destaque para Richard Dreyfuss, Danny Huston e Chris Cooper.

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