quarta-feira, abril 22, 2015

Velozes e furiosos 7, de James Wan *


Confesso que eu até tinha apreciado os dois filmes anteriores da franquia. As cenas de dramas pessoais dos personagens eram poucas e insignificantes (afinal, quem quer saber de densidade psicológica em bobagens divertidas escapistas?) e o foco principal se concentrava em competentes sequências de ação exageradas que beiravam o delirante. Claro que não eram nada que chegassem perto de clássicos oitentistas cascas grossas do gênero ação, mas mesmo assim deram conta do recado. “Velozes e furiosos 7” (2015), entretanto, não consegue atingir tal façanha. Pelo contrário: é o pior filme da série por elevar os piores defeitos da franquia à enésima potência. A produção se ressente de uma direção preguiçosa: em boa parte da longuíssima metragem da obra, fica-se com a impressão de se estar assistindo a um bagaceiro e interminável clip musical de hip hop. Essa má impressão não se apaga com os momentos em que as perseguições automobilísticas e a porradaria comem solta – são cenas dirigidas apenas de forma correta e derivativa. Se aquilo que os filmes da série tinham de melhor se mostram de maneira tão pouco memorável, o que resta para aquilo que sempre foi considerado ponto fraco na franquia? Ora, o que já era ruim fica pior ainda. As interpretações do elenco não saem da canastrice ridícula (com exceção da caracterização cool de Jason Statham), enquanto o roteiro é tão mecânico nas suas viradas e patético nos seus furos que ressaltam ainda mais os mencionados aspectos clipeiros fuleiros do filme. No mais, o fato de “Velozes e furiosos 7” ser esse trem desgovernado talvez seja reflexo da morte de Paul Walker, impressão essa reforçada pela estapafúrdia conclusão da produção – ao invés daquele misto de montagem nas coxas e sentimentalismo mórbido barato não seria melhor ter matado o personagem ou simplesmente colocar um “valeu Paul” no final?

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