quinta-feira, maio 02, 2019

A maldição da chorona, de Michael Chaves *1/2


A franquia “Invocação do mal” e seus derivados estão mais vinculados a um conceito de “terror carola cristão”, ou sejam, parece que sua preocupação maior está em difundir os valores católicos (e religiões assemelhadas) do que propriamente em construir uma obra de horror convincente em termos artísticos. “A maldição da chorona” (2019) é exemplar enfático dessa tendência da franquia. Assim como em “Anabelle” e “A freira”, a estrutura narrativa apenas repete uma fórmula gasta, algo como uma derivação qualquer nota de “O exorcista” (1973). Os truques de sustos são previsíveis a um ponto de serem incapazes de provocar algum susto satisfatório, enquanto a caracterização visual é preguiçosa e pouco imaginativa (a personagem-título repete todos os maneirismos imagéticos da assombração de “A freira”). Todo esse conjunto formal-narrativo embala uma trama óbvia e conservadora de doer – com direito a um ex-padre renegado como herói durão e uma série de situações estereotipadas reveladoras de uma visão de mundo reacionária e preconceituosa. De certa forma, o filme do diretor Michael Chaves está em perfeita sintonia existencial com os tempos de obscurantismo e opressão sócio-religiosa que vivemos.

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