A franquia “Invocação do mal” e seus derivados estão mais
vinculados a um conceito de “terror carola cristão”, ou sejam, parece que sua
preocupação maior está em difundir os valores católicos (e religiões
assemelhadas) do que propriamente em construir uma obra de horror convincente
em termos artísticos. “A maldição da chorona” (2019) é exemplar enfático dessa
tendência da franquia. Assim como em “Anabelle” e “A freira”, a estrutura
narrativa apenas repete uma fórmula gasta, algo como uma derivação qualquer
nota de “O exorcista” (1973). Os truques de sustos são previsíveis a um ponto
de serem incapazes de provocar algum susto satisfatório, enquanto a
caracterização visual é preguiçosa e pouco imaginativa (a personagem-título
repete todos os maneirismos imagéticos da assombração de “A freira”). Todo esse
conjunto formal-narrativo embala uma trama óbvia e conservadora de doer – com direito
a um ex-padre renegado como herói durão e uma série de situações estereotipadas
reveladoras de uma visão de mundo reacionária e preconceituosa. De certa forma,
o filme do diretor Michael Chaves está em perfeita sintonia existencial com os
tempos de obscurantismo e opressão sócio-religiosa que vivemos.
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