Em sua filmografia, o diretor francês Stéphane Brizé costuma
se vincular à cartilha estética-temática do realismo. Se em “Mademoiselle
Chambon” (2010) e “Uma primavera com minha mãe” (2013) essa abordagem artística
se enquadrava dentro de um roteiro de caráter intimista, em “O valor de um
homem” (2016) o enfoque da trama se concentra em um forte teor social (sem que
com isso se esqueça, entretanto, do lado subjetivo dos personagens). Se Brizé
não apresenta a mesma classe formal-narrativa de Ken Loach e dos irmãos
Dardenne, grandes mestres dessa linhagem cinematográfica, ainda sim o seu filme
apresenta forte impacto para o espectador pela misto de austeridade e humanismo
com que expõe os dilemas éticos de um homem desempregado (Vincent Lindon,
excelente) diante de um cotidiano marcado por injustiças, desmandos e
humilhações derivados de uma cruel ordenamento sócio-econômico “moderno” e
neoliberal. Brizé não se furta de escolher um lado na história que conta– seu panfletarismo
é contundente e sincero, o que carrega ainda mais a sua narrativa em termos de
pungência e tensão dramática.
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