terça-feira, abril 30, 2019

O valor de um homem, de Stéphane Brizé ***


Em sua filmografia, o diretor francês Stéphane Brizé costuma se vincular à cartilha estética-temática do realismo. Se em “Mademoiselle Chambon” (2010) e “Uma primavera com minha mãe” (2013) essa abordagem artística se enquadrava dentro de um roteiro de caráter intimista, em “O valor de um homem” (2016) o enfoque da trama se concentra em um forte teor social (sem que com isso se esqueça, entretanto, do lado subjetivo dos personagens). Se Brizé não apresenta a mesma classe formal-narrativa de Ken Loach e dos irmãos Dardenne, grandes mestres dessa linhagem cinematográfica, ainda sim o seu filme apresenta forte impacto para o espectador pela misto de austeridade e humanismo com que expõe os dilemas éticos de um homem desempregado (Vincent Lindon, excelente) diante de um cotidiano marcado por injustiças, desmandos e humilhações derivados de uma cruel ordenamento sócio-econômico “moderno” e neoliberal. Brizé não se furta de escolher um lado na história que conta– seu panfletarismo é contundente e sincero, o que carrega ainda mais a sua narrativa em termos de pungência e tensão dramática.

Nenhum comentário: