segunda-feira, fevereiro 04, 2013

Frankenweenie, de Tim Burton ****


O diretor norte-americano Tim Burton não é um artista que tem a necessidade de se renovar a cada trabalho. Seus filmes geralmente gravitam em torno de algumas obsessões temáticas e estéticas, ainda que por alguma eventualidade ele assuma uma produção mais comercial como “O planeta dos macacos” (2001) ou “Alice nos país das maravilhas” (201). Em “Frankenweenie” (2012), Burton confirma essa tendência – é a mesma coisa de sempre, mas elaborada com uma classe fenomenal. O conceito da obra – a de um cão que é ressuscitado como uma espécie Frankenstein canino – parece influenciar a própria concepção do filme: cada detalhe narrativo soa como se fosse um pedaço/referência de alguma obra influência de Burton ou de uma produção do próprio cineasta em questão (tanto que o longa na realidade é a extensão de um curta do início da carreira de Burton). Mas esse caldeirão de citações e reciclagens não revela um homem estagnado com sua arte – na verdade, é apenas reflexo da sua coerência autoral, além de revelar seu amadurecimento como cineasta (afinal, “Frankenweenie” é uma experiência cinematográfica bem mais satisfatória que a animação anterior de Burton, “A noiva cadáver”). Mesmo que possamos já ter visto cenas semelhantes em outros filmes, ainda sim tais momentos em “Frankenweenie” conseguem se revelar ora perturbadores, ora encantadores. A mistura das técnicas de animação stop motion com uma ambientação gótica de toques irônicos gera uma obra de raro arrebatamento visual, com uma trama lapidar na sua combinação intrínseca e orgânica de conto de fadas, horror e aventura.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

É uma obra autoral dele. Atualmente Burton reveza em fazer super produções e filmes mais com a cara dele e acho que é um exemplo de como um diretor com uma visão pessoal como a dele funciona hoje em dia no cinemão americano.