segunda-feira, fevereiro 18, 2013

O lado bom da vida, de David O. Russell ***


Em seu filme a anterior, o extraordinário “O vencedor” (2010), o diretor David O. Russell conseguia uma forte simbiose entre uma forte trama baseada em fatos reais com uma abordagem formal bastante crua e contundente. Em sua obra mais recente, “O lado bom da vida” (2012), Russell usa uma abordagem estética semelhante, mas embalando um roteiro de típica comédia romântica, ainda que com uns toques mais naturalistas. Esse descompasso compromete a narrativa – por mais que o cineasta se esforce para emprestar vigor para o filme, tudo acaba ficando preso à lógica de um formato bastante convencional. Isso se reflete até mesmo nas boas interpretações de seus principais atores: são caracterizações carismáticas, mas destituídas de maiores profundidades. Apesar de tais considerações, “O lado bom da vida” está longe de ser um mau filme, muito pelo contrário, é uma produção com algumas cenas memoráveis e mostra a habitual classe artística de Russell como diretor. Mas é justamente o passado expressivo dele como cineasta que deixa um certo gostinho de decepção.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Mesmo sendo do mesmo cineasta, é até meio injusto comparar esse com o Vencedor, mas embora exista a previsibilidade, são as boas interpretações de um ótimo elenco que faz a diferença. Isso sem contar a forma elegante que O Russell filma determinadas cenas, onde sempre eu sentia uma suavidade e segurança no que ele focava.