sexta-feira, fevereiro 01, 2013

Sudoeste, de Eduardo Nunes ***1/2


Se fosse para tentar definir “Sudoeste” a grosso modo em algumas palavras, daria para dizer que seria algo como “David Lynch encontra o regionalismo brasileiro”. É claro que a definição é imprecisa, mas a obra de Eduardo Nunes impressiona justamente ao buscar uma narrativa delirante em meio a um cenário agreste e interiorano, conseguindo um resultado bastante orgânico e envolvente. A longo da trama, pequenos detalhes da história servem como um esqueleto para que imagens e sons construam um sentido insólito, mas que adquire aos poucos uma estranha coerência. Os padrões temporais se confundem e dissolvem a linearidade – uma protagonista que é criança, mas que em um piscar de olhos se converte em adulta e numa caminhada por uma estrada atinge a velhice. Mas que também com um breve sono pode voltar à infância. Com o foco narrativo concentrado numa personagem que reúne mãe e filha na mesma figura, mas que também se dividem em duas, até um ponto que se possa ter um fragmento da verdade. Tudo isso para que o presente possa sugerir o que tenha acontecido no passado e quem sabe até corrigir algo. Na verdade, nada fica muito claro em “Sudoeste”, mas também nem é tão necessário que isso ocorra. A direção fotografia de movimentos lentos e expressivos e o jogo de montagem que estabelece o elemento fantástico da produção de acordo com sutis truques de edição formam um conjunto formal em perfeita sintonia com a temática de tons simbolistas do filme.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Só pelo que foi dito no inicio do texto me desejou querer ver o filme.