sexta-feira, agosto 02, 2013

O homem de aço, de Zack Snyder *


Forçando um pouco a barra, dá para dizer que “O homem de aço” (2013) compõe junto a “300” (2006) e “Watchmen” (2009) uma espécie de trilogia dos quadrinhos do diretor Zack Snyder. Bem, do jeito que estão as coisas, é provável que daqui poucos anos deixe de ser trilogia... Essa trindade representa uma vertente equivocada de se verter HQs para o cinema. Em tal concepção, basta combinar muitas cenas com pancadaria, bastante barulho e uma atmosfera pós-moderna e pronto: aí está um bom produto para agradar fãs e neófitos. Na realidade, o que se discute aqui não é o fato de tais versões serem fieis ou não à mídia que lhes deram origem. O que incomoda nessas produções é o fato de que como obras cinematográficas são experiências frustrantes. Nessa transposição mais recente das aventuras do Superman para as telas, Snyder mostra que não há limites para a sua falta de traquejo. O filme se pretende como uma espécie de fusão entre aventura existencialista e ação desenfreada e na realidade não se mostra satisfatório em nenhuma dessas direções, quanto mais na intenção de que elas se misturem. No final das contas, parece uma colcha de retalhos de idéias e referências que são muito mal-costuradas, colocadas na trama mais intenção de soar “contemporâneo” do que por inspiração. Por vezes, Snyder procura emular aquele tom metafísico e difuso de Terrence Malick, principalmente na abertura que parece copiar o estilo de “A árvore da vida” (2011), mas está muito longe de ter a classe estilística de Malick e beira o patético na sua pretensão de soar “artístico”. Toda aquela seqüência que se desenvolve em Kripton dá a impressão de um refugo da franquia “Guerra nas estrelas”. E o cerne da questão dos excessos de violência e destruição nas partes de ação de “O homem de aço” não está no lado moral, mas sim na forma burocrática e sem criatividade que Snyder conduz tais cenas. Tais opções do cineasta configuram a grande contradição do filme (a mesma que já havia marcado o irregular “Batman – O cavaleiro das trevas ressurge”): para uma obra que se pretende tão séria e sombria, o resultado final acaba soando alienado e infantil (nesse último caso, no pior sentido do termo).

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

ate concordo que o filme exagera em alguns momentos, principalmente no terceiro ato, mas o filme se preocupa na construção dos personagens e acima de tudo possui doses de emoções bem desenvolvidas. Nao e uma perfeição como o de 78, mas também não faz feio.