quinta-feira, agosto 01, 2013

O que traz boas novas, de Phillipe Fardeau ***1/2


O fascinante em uma produção como “O que traz boas novas” (2011) é a sua abordagem humanista e universal – a partir de um melodrama de contornos que beiram o intimista, a obra avança sobre questões de um espectro social muito maior. A trama se foca basicamente em dois tópicos chaves: as conseqüências do suicídio de uma professora em pleno ambiente escolar e o processo de adaptação do educador substituto, um imigrante argelino, no colégio. A partir disso, o roteiro traz à tona uma série de conflitos e dilemas emblemáticos dos tempos contemporâneos, tanto no que se refere à relação entre alunos e professores como entre “nativos” e imigrantes. Ainda que o filme trafegue por uma estrutura narrativa típica de melodrama convencional, o diretor Phillipe Fardeau propõe um tratamento temático bastante contundente, não se furtando em alguns momentos de construir uma atmosfera um tanto sufocante, sem que se perca, entretanto, a sutileza necessária para se explorar as complexas nuances de algumas das relações humanas que se estabelecem ao longo do filme. A elegância da direção de Fardeau faz com que “O que traz boas novas” tenha uma condução dramática sóbria e coerente, conciliando de forma admirável um certo cerebralismo ao radiografar as distorções do sistema educacional no mundo contemporâneo e um toque sentimental fundamental na criação de empatia com os personagens. A emocionante cena de conclusão sintetiza com perfeição as intenções de Fardeau e seu filme.

Nenhum comentário: