quinta-feira, agosto 22, 2013

Zarafa, de Remi Bezançon e Jean-Christophe Lie ***1/2


O cinema francês vem cada vez mais incorporando influências orientais em suas concepções, não só temática como na sua própria formatação (na realidade, tal fenômeno é premente em boa parte dos países do continente europeu). Fruto provável da cada vez maior massa de imigrantes que lá residem, esse direcionamento também pode ser constatado em animações como “Zarafa” (2012). A própria trama de tal produção é simbólica desse direcionamento: baseada em fatos reais, mostra a saga envolvendo a viagem do Egito para a França da primeira girafa que adentrou o território desse último país. Os diretores Remi Bezançon e Jean-Christophe Lie conseguem obter uma síntese bastante eficiente entre aventura e um tom mais reflexivo e contemplativo. A atmosfera de “Zarafa” é de um misto de inocência, exotismo, mistério, sensualidade e violência, e nesse sentido a beleza do traço da animação é fundamental – por vezes, há uma certa rusticidade no grafismo, como se evocasse o lado selvagem dos povos dos desertos na África, mas que envereda também por uma arte de toques entre o onírico e o rebuscamento visual (nesse último caso, quando a história passa a se concentrar em Paris). Essa alternância de estilos estabelece uma narrativa cativante e que situa com precisão os dilemas e contradições presentes no roteiro – a dicotomia de atração e repulsa que sempre foi a tônica das relações entre Ocidente e Oriente.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Otima pedia e ainda pretendo assistir