terça-feira, outubro 22, 2013

Rush - No limite da emoção, de Ron Howard ***1/2


O diretor norte-americano Ron Howard nunca se notabilizou por ser especialmente ousado em termos estéticos, assim como sua carreira se pautou por uma incômoda irregularidade – afinal o mesmo cara que dirigiu o antológico “O tiro que não saiu pela culatra” (1989) concebeu o horroroso “Anjos e demônios” (2009). Diante desse contexto, é o típico nome que não desperta grandes expectativas. “Rush – No limite da emoção” (2013) é uma obra que volta a dar crédito para Howard. Mesmo com as simplificações do roteiro e alguns excessos de convencionalismo formal, é um filme que fascina na sua recriação da mitologia da Fórmula 1 nos anos 70. A atmosfera elaborada pelo cineasta evoca algo entre o sonhador e o hedonista, acentuando a nostalgia e uma certa ingenuidade num período menos politicamente correto e também quando o esporte em questão não estava tão dominado pelos interesses corporativos. Além disso, Howard revela boa mão para a ação cinematográfica: as sequências de corrida são alucinantes e brutais no registro detalhista de curvas, ultrapassagens e violentos acidentes. Mesmo o fato da trama ser um tanto superficial na caracterização psicológica das situações e seus personagens não se torna um grande empecilho, pois o foco de Howard passa por um viés mitológico, icônico. Assim, talvez “Rush” não seja o tratado cinematográfico definitivo sobre a Fórmula 1, mas mesmo assim acaba se tornando uma produção memorável pela carga visceral inesperada da encenação de Howard.

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