sexta-feira, março 14, 2014

Walt nos bastidores de Mary Poppins, de John Lee Hancock *1/2


Antes de mais nada, cabe esclarecer que “Mary Poppins” (1964) é um dos grandes momentos cinematográficos dos estúdios da Disney e também um dos melhores musicais da história do cinema. Dito isso, seria previsível que um filme como “Walt nos bastidores de Mary Poppins” (2013) criasse alguma expectativa, justamente pelas possibilidades que seu título auto-explicativo sugere. O resultado final, entretanto, é frustrante. O filme do diretor John Lee Hancock está muito distante de evocar algo da criatividade e magia do clássico em questão. Muito pelo contrário: é convencional e apelativo nos piores sentidos das palavras. Quando lá pela vigésima vez vem o manjado e medíocre recurso de levantar um tema musical meloso para sublinhar um grande momento de sabedoria de vida, o espectador já está louco para sair correndo da sala de cinema. Num primeiro momento, tanto a estrutura da narrativa como a premissa inicial do roteiro poderia garantir algum interesse para aqueles que admiram “Mary Poppins”, no sentido que ofereceria uma espécie de lado obscuro na concepção do livro original pela sua autora P.L. Travers (Emma Thompson) e na relação dela com Walt Disney para a adaptação cinematográfica da obra literária. O problema é que a direção de Hancock é tão burocrática e asséptica que retira a tensão dramática que a trama poderia oferecer. Talvez o que mantenha um resquício de vivacidade para a produção seja a qualidade inata de “Mary Poppins”, nos trechos de canções e diálogos do musical que são encenados em forma de ensaio.

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