quarta-feira, maio 21, 2014

Apenas o vento, de Benedek Fliegauf ***1/2

A temática da produção húngara “Apenas o vento” (2012), baseada em fatos reais, não é das mais fáceis: o assassinato de famílias ciganas no interior da Hungria. E o tratamento formal proposto pelo diretor Benedek Fliegauf vai na mesma onda – abdicando de truques sentimentais, o cineasta investe numa atmosfera sombria e de distanciamento emocional. A trama se foca no cotidiano de mãe e filhos, ressaltando atos rotineiros como trabalhar, estudar, matar aula, perambular pelos matagais, com a encenação beirando uma certa monotonia, ainda que calculada. Aos poucos, entretanto, situações estranhas vão se inserindo na narrativa, dando ao filme um permanente tom de fatalismo, em que a tragédia vai se afigurando de forma inevitável. Fliegauf não busca soluções fáceis, fazendo com que a tensão dramática e a sensação de impotência dos personagens fiquem cada vez mais sufocantes até a brutal conclusão de violência e morte. A construção estética/temática de “Apenas o vento” é notável, mas isso não quer dizer que o espectador vai sair se sentindo bem da sala de cinema...

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