quinta-feira, julho 31, 2014

Heli, de Amat Escalante ***1/2


O diretor mexicano Amat Escalante não se propõe a grandes invencionices em “Heli” (2013). Suas opções estética e temática são bastante simples e eficientes – através de um registro seco, por vezes beirando o documental, o filme conta a brutal história de um jovem trabalhador interiorano que tem a sua vida destroçada quando sua irmã caçula se envolve com um soldado pé-de-chinelo que resolve virar traficante. Por meio desse pequeno conto envolvendo humildes e marginais, Escalante faz um raio X de um país tragado pela violência e corrupção, mas sem perder o senso de uma narrativa dinâmica e envolvente, em que o cineasta obtém alguns seqüências antológicas, principalmente pelo vigor da sua encenação detalhista. Dessa maneira, a trama carrega diferentes perspectiva, tanto podendo ser encarara por esse viés social quanto por um caráter simbólico intimista, em que a frustrante vida sexual e a opressão econômico-social que marcam a vida do protagonista Heli (Armando Espitia) parecem encontrar ressonância na sua ânsia por vingança contra aqueles que seqüestraram e violentaram sua irmã. As soluções existenciais buscadas por Escalante não se baseiam em um padrão moralizante, mas em desejos atávicos de justiça e revanche, o que dá para “Heli” uma dimensão humanista impressionante.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

É um filme marcante, cujas as cenas não lhe sai da cabeça por um bom tempo.