quinta-feira, janeiro 22, 2015

Livre, de Jean-Marc Valée **1/2


Certas escolhas formais e temáticas em um filme podem sugerir ousadia e maturidade por parte daqueles que se envolveram na realização, no sentido de que eles se afastam de critérios comerciais ou de mero entretenimento para oferecer às platéias um espetáculo mais profundo e questionador. Por vezes, entretanto, tal direcionamento artístico mais revela uma busca por credibilidade do que um desejo em trilhar caminhos menos óbvios. E é dentro dessa segunda alternativa que “Livre” (2014) parece melhor se encaixar. A caracterização pretensamente desglamourizada de Reese Witherspoon no papel da protagonista Cheryl Strayed, a encenação naturalista, a evocação de um estilo documental na estética e a relação de temas adultos na trama (famílias disfuncionais, drogas, promiscuidade sexual, redenção e afins), em um primeiro momento, dão a impressão de uma abordagem desafiadora por parte do diretor Jean-Marc Valée, mas a forma com que a narrativa se desenvolve evidencia um convencionalismo banal, que nivela o filme naquele nicho de dramas de superação pessoal que o pessoal que escolhe os indicados para o Oscar tanto gosta. Não adianta mostrar Witherspoon sem maquiagem e com as unhas caindo se a cada cinco minutos tem alguém proferindo uma lição de vida no puro estilo autoajuda ou ter à disposição belos cenários naturais se o registro visual adotado dá a impressão de um cartão postal ambulante. Falta aquela centelha criativa e espontânea que tornaria “Livre” uma experiência sensorial mais efetiva.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

O melhor momento da carreira da atriz