Dentro da filmografia do diretor sul-coreano Bong Joon Ho, “Parasita”
(2019) talvez seja o seu filme mais acessível e pop, no sentido de um subtexto
que se expõe de maneira mais explícita. Pode ser que isso se explique pelo
próprio contexto sócio-político-existencial em que o filme foi lançado – no meio
da ascensão mundial de uma linha ideológica de extrema direita que sintetiza
neoliberalismo econômico desumanizador, nacionalismo canalha e obscurantismo
religioso, uma obra a versar de maneira tão ácida e contundente sobre conflito
de classes acaba tendo tanto um efeito catártico para alguns quanto perturbador
para outros. Ainda que não tenha a precisão narrativa e estética de obras
anteriores magníficas do cineasta como “Memórias de um assassino” (2003) e “O
hospedeiro” (2006), “Parasita” apresenta uma interessante conjunção entre a estrutura
formal de um suspense psicológico agoniante e uma temática repleta de
ramificações complexas em termos de relações humanas, o que também ajuda a
explicar a forte empatia que tem com grande parte do público.
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