sexta-feira, fevereiro 07, 2020

Parasita, de Bong Joon Ho ***1/2


Dentro da filmografia do diretor sul-coreano Bong Joon Ho, “Parasita” (2019) talvez seja o seu filme mais acessível e pop, no sentido de um subtexto que se expõe de maneira mais explícita. Pode ser que isso se explique pelo próprio contexto sócio-político-existencial em que o filme foi lançado – no meio da ascensão mundial de uma linha ideológica de extrema direita que sintetiza neoliberalismo econômico desumanizador, nacionalismo canalha e obscurantismo religioso, uma obra a versar de maneira tão ácida e contundente sobre conflito de classes acaba tendo tanto um efeito catártico para alguns quanto perturbador para outros. Ainda que não tenha a precisão narrativa e estética de obras anteriores magníficas do cineasta como “Memórias de um assassino” (2003) e “O hospedeiro” (2006), “Parasita” apresenta uma interessante conjunção entre a estrutura formal de um suspense psicológico agoniante e uma temática repleta de ramificações complexas em termos de relações humanas, o que também ajuda a explicar a forte empatia que tem com grande parte do público.

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