Um documentário brasileiro tendo como temática os índios
nativos não chega a ser propriamente uma novidade no panorama cinematográfica
nacional. “Paralelo 10” (2011), contudo, acaba gerando um impacto acima da
média. Tendo como protagonista o sertanista
José Carlos Meirelles, o filme dirigido por Silvio Da-Rin oferece uma visão
bastante contundente sobre a questão indígena no Brasil. Sua abordagem está
muito longe do caráter oficialista, traçando os dilemas e contradições inerentes
ao assunto de forma crua e sem sentimentalismos. Os índios até podem ser
considerados vítimas de algumas circunstâncias decorrentes de ações de natureza
econômica dos “brancos”, assim como da falta de maior proteção e assistência
por parte das autoridades governamentais, mas também são retratados com a
dignidade dos indivíduos capazes de traçar seu próprio destino. Essa abordagem
encontra ressonância na concepção formal de Da-Rin, que lembra as produções
documentais de Werner Herzog, com uma direção de fotografia que registra as
florestas dentro de um tom seco e sombrio, ressaltando ainda mais o lado
misterioso e mítico dos povos que a habitam.
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