segunda-feira, março 25, 2013

A fuga, de Stefan Ruzowizky ***


A narrativa de “A fuga” (2012) se estabelece a partir de uma estrutura bem definida: é uma obra do gênero ação que se desenrola a partir de uma trama cujo foco são relações mal resolvidas em três núcleos familiares. Assim, todo o sangue e brutalidade que saltam das telas funcionam, em níveis simbólicos, como uma espécie de expiação das culpas que exalam dessas relações familiares disfuncionais. Nesse sentido, quando envereda para o drama, o filme se mostra um tanto frágil enquanto narrativa, insistindo em um psicologismo de araque. A obra se mostra se mostra efetivamente convincente quando envereda para a ação propriamente dita. As seqüências na neve, tanto nas de lutas corporais quanto em tiroteios e perseguições, trazem um registro visual poderoso, com a direção de fotografia conseguindo captar a beleza bruta de uma natureza árida e inóspita (nesse aspecto, os efeitos metafóricos são mais eficientes, em que as paisagens geladas funcionam como reflexo da própria condição existencial embrutecida dos personagens), além da encenação do diretor alemão Stefan Ruzowizky, aliada a uma edição de talhe clássico, ser bastante precisa e clara no detalhamento dos embates entre seus personagens. Em tais momentos, a dimensão dramática do protagonista Addison (Eric Bana) cresce de forma admirável. Os diálogos entre ele e a menina que salva do padrasto violento, por exemplo, evocam uma espécie de conto de fadas estranho e perturbador.

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