O fato de usar como protagonistas
um trio de portadores de Síndrome de Down não parece ter influenciado de forma
positiva o diretor Marcelo Galvão na realização de “Colegas” (2012). Não que os
referidos atores sejam o ponto fraco do filme. Pelo contrário: as atuações dramáticas
deles são muito boas, oferecendo à obra alguns de seus melhores momentos. O
fato é que o filme sofre de auto-indulgência. A direção de Galvão é frouxa,
padecendo da falta de um maior apuro formal e de um roteiro mais consistente. É
como se o cineasta tivesse juntado uma série de seqüências cômicas, que oscilam
entre o bobo e o efetivamente engraçado, e algumas citações cinematográficas
disparatadas e amarrasse tudo numa narrativa frágil e trôpega. Não há a mínima
tensão no filme, fruto de uma encenação que está mais para um rascunho metido a
engraçadinho do que para cenas bem acabadas formalmente. Talvez a intenção de
Galvão fosse buscar uma singeleza naif nas suas concepções artísticas, mas o
resultado é apenas a evocação de um amadorismo por vezes constrangedor e de
anemia criativa, isso quando não descamba para um sentimentalismo barato pela
narração despropositada na voz over de Lima Duarte (que tira qualquer espaço
para sutileza temática do filme).
Um comentário:
Se der tudo certo, pretendo ver amanhã.
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