quinta-feira, março 07, 2013

Caverna dos sonhos esquecidos, de Werner Herzog ***1/2


Para os desavisados, o documentário “Caverna dos sonhos esquecidos” (2010), nas suas primeiras cenas, pode fazer pressupor uma obra de caráter institucional e educativo a expor as descobertas científicas relativas a uma caverna no interior da França onde se encontram as mais antigas pinturas rupestres. À medida que a narrativa se desenvolve, entretanto, as particulares concepções artísticas do cineasta Werner Herzog afloram de forma contundente. Os registros audiovisuais obtidos no local são pioneiros – Hergoz e sua equipe foram os primeiros a terem autorização para filmar a caverna. Por outro lado, esse acesso foi limitado em termos temporais, com Herzog e companheiros tendo apenas algumas horas diárias para fazer toda a sua filmagem. Para o alemão, tais dificuldades são normais quando ele envereda para o cinema verdade, vide outras produções antológicas que dirigiu no gênero. Herzog transforma as dificuldades em elemento dramático, por vezes se torna ele mesmo personagem, afastando assim o filme do simples registro objetivo e jornalístico. Até os depoimentos de cientistas e estudiosos ganham uma conotação de transcendência filosófica e existencial, extravasando os limites didáticos. A ambientação criada por Herzog a partir de sua abordagem temática/formal ganha um caráter entre o solene e o reflexivo – tentar entender o que se passou há milhares de anos naquela caverna é também procurar a compreensão do próprio comportamento humano no decorrer da história. E para referendar ainda mais a etiqueta “imperdível” para “Caverna dos sonhos esquecidos”, pode-se caracterizá-lo como uma das mais expressivas utilizações da tecnologia 3D no cinema.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Até a pouco tempo eu escrevi um post especial sobre os cinco melhores filmes em 3D. Pelo visto, terei que fazer uma nova listinha.