quinta-feira, março 28, 2013

Vai que dá certo, de Mauricio Farias **1/2


Um dos males dos quais assola o cinema brasileiro contemporâneo é a necessidade de formatá-lo de acordo com aquilo que pode ser “vendável”. Um seriado televisivo faz sucesso? Ora, vamos lançá-lo como filme!! Isso sem contar a absorção de maneirismos típicos da TV para o cinema. É claro que há boas chances de tal tática render bem nas bilheterias, mas também é inegável que gera uma série de obras descartáveis e medíocres. E se agora a onda é a comédia stand up, por que não fazer um filme utilizando os preceitos de tal linguagem? O resultado é esse “Vai que dá certo” (2012), que utiliza por base o roteiro de alguns cômicos do gênero stand up que estão em evidência. O curioso é que apesar de um roteiro equivocado pelo uso exagerado de “espertezas”, a produção até consegue ser envolvente, graças a direção mais equilibrada de Mauricio Farias. Sua condução de narrativa consegue, por vezes, gerar tensão, ainda que a trama seja constantemente interrompida por diálogos engraçadinhos com citações de cultura pop (sim, tem gente que ainda acha isso muito inteligente...) e intervenções performáticas que mais caberiam num palco do que num filme policial (ainda que com elementos cômicos). E se as atuações de Bruno Mazzeo, Gregório Duvivier, Fábio Porchat e Felipe Abib enchem o saco pelo tom histriônico e de densidade zero, por outro lado chega a impressionar o desempenho de Lúcio Mauro Filho, que consegue fazer a sua persona cômica habitual “sumir” na sua composição dramática.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Enquanto comedias fizerem sucesso, sempre vão fazer até se desgastar.