segunda-feira, março 18, 2013

Barbara, de Christian Petzold ***


O rigor estético típico do cinema alemão presente em “Barbara” (2012) se estende de forma notável para a própria temática do filme. Formalmente, a produção dirigida por Christian Petzold adota uma postura clássica e elegante – não propicia grandes arrebatamentos visuais, mas a sua coerência narrativa é precisa ao caracterizar de forma sóbria o ambiente sufocante que envolve a protagonista do título. A trilha sonora, em boa parte das cenas, é inexistente, valorizando-se os silêncios como fator de tensão. Nesse sentido, o roteiro da obra se mostra em sintonia com a abordagem de Petzold, enfatizando diálogos que mantém um bem arquitetado equilíbrio dramático entre o sugerido e o ostensivo. Toda essa formatação arquitetada pelo cineasta abarca uma visão ética e social surpreendente na sua ausência de maniqueísmos óbvios. Por mais que sejam realçados os instrumentos de opressão de um Estado totalitário como a Alemanha Oriental da época da cortina de ferro, “Barbara” está longe de ser um manifesto pelo “capitalismo democrático”. Com sutileza, são inseridos elementos de dúvida ao longo da trajetória da personagem principal, fazendo com que seus desejos fiquem mais difusos em relação ao que realmente quer para si (fugir ou não para o lado ocidental). Assim, as soluções não se apresentam fáceis, deixando o filme ainda mais instigante.

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