quarta-feira, março 26, 2014

O grande herói, de Peter Berg ***


Seria muito fácil reduzir “O grande herói” como apenas mais um filme de guerra ufanista a louvar a coragem dos soldados norte-americanos, mas também seria reducionista e equivocado. Para começar, depois de assistir às constrangedoras cenas de ação de “300 – A ascensão do império” (2014), obra essa que é sintomática do que se entende atualmente como modelo dentro do gênero de aventura, é bastante saudável ver um filme em que personagens se movimentam de forma convincente em cenas de batalhas e em que cada detalhe de tiroteios e perseguições é registrado de forma clara e expressiva. Além disso, o diretor Peter Berg tem o senso adequado para a construção de clima, sabendo que um filme de ação não vive só de clímax – são necessárias seqüências mais “calmas”, que esclareçam situações, desenvolvam um pouco os personagens de forma coerente (até para que o espectador possa criar alguma empatia com eles). Isso pode parecer óbvio, mas em tempo de “300” e afins... Quando o filme envereda para a ação desenfreada, Berg impressiona com a sua encenação: mesmo que abuse dos clichês dramáticos, a força das cenas é impactante, com o diretor sabendo conciliar o tom épico (música climática, câmera lenta) e concepção naturalista onde se ressalta sangue espirrando e ossos quebrando. E mesmo tematicamente há um certo viés ambíguo e humanista, ao se ressaltar uma possibilidade de união e conciliação entre norte-americanos e afegãos. No mais, é de se destacar ainda a memorável seqüência dos créditos iniciais, em que trechos de imagens reais do treinamento de fuzileiros se sucedem num belo trabalho de edição, além da bela trilha sonora da banda de pós-rock Explosions In the Sky.

5 comentários:

Régis disse...

Vi esse filme há pouco tempo e tenho ele bem fresco na minha memória. Tirando a intensa e longa sequência do fogo cruzado entre os soldados americanos e os afegãos, achou que pouca coisa sobra de útil do filme, que fica irritantemente ufanista no 3o ato, de resgate do Mark Wahlberg. O Peter Berg (um filhote do Michael Bay?) glorificou aquilo que, no fundo, foi um tremendo fracasso militar americano. E dá-lhe mortes em câmeras lentas, cuja veracidade é até mesmo contestável, pois elas não foram presenciadas pelo único sobrevivente. Esperava bem mais.

André Kleinert disse...

Eu acho que a intenção do filme nem era tanto questionar sobre o fracasso ou sucesso militar daquela missão. A glorificação que ele faz é muito mais da coragem e do espírito de corpo daqueles militares do que propriamente de algum patriotismo. E sobre a veracidade, não vejo maiores problemas em ele dar uma versão mais idealizada das coisas, pois é muito mais uma recriação dramática do que uma reconstituição de caráter documental. Já em termos formais, o Berg não está tão próximo assim do Michael Bay (que adora uma câmera tremida). Em termos de encenação, acho que o filme me lembrou mais umas coisas do Michael Mann (mas claro que sem o mesmo brilhantismo).

Régis disse...

Nesse filme o Berg se segurou um pouco, mas no anterior, aquele coisa chamada "Battleship", era Michael Bay puro. E o Berg até que começou bem com um filme chamado "Tudo Pela Vitória", que até virou série de TV. Depois virou meio genérico.

André Kleinert disse...

Na minha opinião, o melhor filme do Berg é "O reino".

Unknown disse...

Não é ruim. A proposta militar baseado em uma história real dirigido por Berg visualmente eficaz. Um drama com uma espécie de estudo da condição humana em uma guerra, ou seja, em uma situação extrema. No entanto, nas mãos do diretor Berg é o que ele faz de melhor, de um monte de trabalho, onde os militares é apenas o paradigma de filmes de ação tal ação. Disse que o filme é baseado em eventos reais. A única coisa é que eles são apresentados de uma forma que parece mais um episódio de Missão Impossível em um campo de batalha, com quatro soldados norte-americanos, concebidos como super-heróis contra um monte de Taliban no Afeganistão, como estranho como cruel. Além disso sobrevivente, tem um culto insalubre de guerra, mas escorregou através de suas situações mais difíceis. Isso dá um tom épico espúria à narrativa: a guerra nos dá heróis cuja base é baseado em matar e matar mais e mais humanos. Só precisa levar um ábaco para manter o controle.